GRACILIANO ROCHA
DE SÃO PAULO
24/07/201515h22
Investigação feita pelo Ministério Público da Suíça aponta que subsidiárias da Odebrecht no exterior estão na origem de pagamentos que somaram US$ 17,6 milhões (R$ 59 milhões) a ex-dirigentes da Petrobras em contas secretas na Europa.
Segundo informações repassadas pelos suíços aos procuradores da Operação Lava Jato através de cooperação internacional, o dinheiro percorreu camadas de empresas baseadas em paraísos fiscais –cinco delas controladas pela própria Odebrecht– até as contas dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Zelada e o ex-gerente Pedro Barusco na Suíça e em Mônaco.
As informações bancárias levantadas pelas autoridades suíças embasaram a decretação de uma nova prisão preventiva de Marcelo Odebrech e de outros executivos da companhia nesta sexta (24) e são a principal evidência material que sustentam a denúncia do Ministério Público Federal contra eles.
Só o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que recebeu US$ 23 milhões em subornos no exterior - a maior parte vinda da Odebrecht. A origem de parte do dinheiro dele bloqueado na Suíça ainda não foi identificada pelas autoridades.
Dos US$ 17,6 milhões identificados como possível propina, havia dois métodos do repasse do dinheiro, segundo informou o Ministério Público da Suíça: 1) empresas controladas por subsidiárias da Odebrecht faziam transferências diretamente nas contas dos dirigentes da Petrobras na Europa; e 2) as offshores atribuídas à empreiteira repassavam recursos a outras empresas baseadas em paraísos fiscais que, logo depois, abasteciam as contas dos executivos da estatal.
Entre 2006 e 2011, a offshore Smith & Nash Engineering recebeu depósitos de US$ 45,4 milhões de quatro empresas do grupo Odebrecht (Odebrecht Serviços no Exterior, Construtora Norberto Odebrecht SA, Osel Angola e Osel-Odebrecht Serviços no Exterior).
No mesmo período, a Smith and Nash Engineering foi a fonte de US$ 6,8 milhões depositadas diretamente em duas contas de Paulo Roberto Costa na Suíça.
Em 2009, a Arcadex Corporation recebeu US$ 25,2 milhões de duas empresas da Odebrecht no exterior. A Arcadex depositou US$ 435 mil para uma conta de Renato Duque e 63,6 mil euros em uma conta Tudor Advisory, atribuída ao ex-diretor da área internacional Jorge Luiz Zelada.
A offshore Havinsur, autora de uma transferência de US$ 565 mil em 2010 a uma conta atribuída a Renato Duque em Mônaco, tinha como controladora uma empresa do grupo Odebrecht, segundo a Suíça.
O executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, segundo os documentos, aparece como responsável pela abertura das contas das offshores Smith & Nash Engineering, Arcadex, e Havinsur.
TRIANGULAÇÃO
Segundo a Procuradoria, o segundo método de pagamento aos ex-dirigentes da Petrobras envolvia uma triangulação supostamente para dificultar o rastreamento do dinheiro.
Entre 2006 e 2011, cinco empresas offshores que os suíços apontam a empreiteira como controladora repassaram US$ 211,5 milhões para três empresas: Constructora Internacional del Sur, Klienfeld Services e Innovation Research Engineering.
Em 2009, a Del Sur depositou US$ 3 milhões para contas de Costa, Duque e Barusco. A Klienfeld e a Innovation Research Services são apontadas como repassadoras de US$ 6,8 milhões milhões para Costa e Barusco entre 2009 e 2011.
COOPERAÇÃO
A Procuradoria-Geral da Suíça instaurou investigação própria sobre a Odebrecht no país e pediu às autoridades brasileiras, através do canal de cooperação internacional, para acompanhar as oitivas de investigados e réus ligados ao esquema de corrupção na Petrobras. O pedido foi repassado no final da tarde de quinta (23) ao juiz Sergio Moro.
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